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            Sacramento do Batismo (Adultos) 

    

 O BATISMO PARA ADULTOS 

 

INTRODUO

 

                                                   A humanidade, criada por Deus em estado de inocncia  tornou-se  pecadora. Ado rebelou-se,   desobedeceu uma ordem estabelecida por Deus, que o criou Sua imagem e semelhana, portanto perfeito.  Alis, o exerccio do livre arbtrio era a  condio que verdadeiramente significava a perfeio, j que Ado que era livre para escolher entre  uma coisa e outra, o bem ou o mal.  O  "pecado original"   que representa o pecado inicial, deu origem a uma sucesso de pecados, todos conseqncias do primeiro.  Por causa do seu pecado,  tendo ele (Ado) decado dessa elevao, pode apenas  transmitir s geraes futuras uma natureza humana, igualmente decada. Esta runa interior que nos afasta de Deus, juntamente com Ado e  em continuao ao seu afastamento, em ns um estado de pecado. preciso nascer de novo atravs das guas do Batismo, onde a mancha apagada. Mas, apesar da graa de Cristo, a histria humana continua, em grande parte, como histria de rebeldia contra Deus, sempre reiterada. Apagou-se a mancha, mas as conseqncias do pecado original persistem e por isto, Deus permite que a morte impere no gnero humano, j que a morte o preo do pecado. 

 

                                                   Apesar de interiormente enfraquecidos na luta contra tais conseqncias, assumimos uma condio nova, uma constante batalha em cumprir os preceitos da Igreja como graa medicinal de Cristo. Vitria ou derrota, depende de cada ser humano, individualmente ou coletivamente, pelo exerccio do livre arbtrio.  Exceo a esta regra divina Maria Santssima, a Nova Eva preanunciada, concebida sem pecado original, que aceita conceber o Novo Ado, Jesus Cristo, para restabelecer o elo quebrado pela desobedincia do homem. Bondade incompreensvel, impossvel de ser alcanada na totalidade pelo nosso raciocnio, a vinda de Cristo para nos resgatar deste lodo em que mergulhamos.

 

                                                 Nossa existncia s tem sentido aps atingirmos a conscincia crist, o plano da salvao num todo, desde o dia do batismo, o primeiro grande passo,  que marca o incio de uma srie de sucesses sacramentais da Igreja, at o desenlace.  O batismo o ingresso do caminho da salvao e por isto ningum deve morrer sem estar batizado.  Em casos  extremos de  perigo de vida em que  no haja tempo para se chamar um sacerdote, qualquer  pessoa  pode  batizar. Derrama-se  gua na cabea da  criana ou  moribundo e pronuncia-se:  " N. , eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo. Amm!". 

 

ABLUO

 

                                                Naquele que assumido por Cristo, j no h lugar para o pecado. A gua derramada significa, alm de nascimento, tambm abluo.   O batismo purifica a pessoa dos pecados cometidos em sua vida. Arranca a raiz do pecado, o pecado original, vencido pelo contato com Jesus.  Mesmo que os pecados no homem sejam vermelhos como o escarlate, Cristo torna-o agora mais branco do que a neve. Doravante so amigos. O homem recomea numa pgina inteiramente branca.  Logo depois da  uno com o crisma, entregam-se, como smbolo de  brancura e luz, a tnica branca e a vela acesa. Estes gestos so, novamente, acompanhados de lindos votos de  bno. Encerram o rito batismal.

 

                                              Nunca se deve  repetir o batismo. (Existem certas seitas que pregam e pe em prtica um segundo batismo pela gua. Tal prtica, inaceitvel, constitui pecado grave contra Deus. No se pode banalizar seu profundo sentido, no se pode brincar com o Esprito Santo). Esse carter irrepetvel do batismo expressado na frmula teolgica: O batismo da gua imprime no batizado "carter indelvel". Recebe-se o batismo para todo o sempre. claro que aquele que, durante a cerimnia no  quer formalmente ser batizado, no recebe o batismo.  

 

 RITO DO BATISMO PARA ADULTOS 

 

1. Incio do catecumenato (1. passo) 

 

                                                 A primeira cerimnia a admisso dos candidatos como "catecmenos. Realiza-se fora, porta da igreja. J em si, um sinal. Tambm a estola roxa do celebrante significa algo: estar a caminho (O roxo a  cor do Advento e da Quaresma). Do mesmo modo, sero significativas as  cerimnias que se seguem, com todos os seus pormenores. Tudo imagem, figura, smbolo. Lugar, cor, gesto, material... tornam-se expressivos, eloqentes. No preciso ter-se estudado, par entender tudo isso. 

 

                                                A recepo comea por uma pergunta: "Como te chamas?" A segunda pergunta reza: "Que queres?".  A resposta tremenda nos lbios de um homem mortal: "O que necessrio para eu possuir a vida eterna!".   Em primeiro lugar, pois, a f.  O candidato vem porque j tem f e, no entanto, pede a f! Tem isso semelhana com a orao do Evangelho: "Creio, Senhor, mas aumentai minha f" (Mt 9, 24).  Significa que a f , em ltima instncia, algo que se recebe, um dom,  no fruto da atividade prpria. Depois de uma palavra que alude tambm s obras, segue-se uma interrogao sobre as disposies. O celebrante faz, ento, o gesto pascal de Jesus:  Sopra sobre o batizado e ordena ao esprito maligno ceder seu lugar ao Esprito Santo. 

                                               Semelhante  exorcismo voltar vrias  vezes na cerimnia. Manda que v embora o mal que ameaa o homem. Em lugar do nome  impessoal "mal" usa-se sempre o nome  pessoal "demnio".  Com isso, indica-se  tambm qualquer mal, quer por influncia dos  pecados dos outros, quer pelas prprias  inclinaes ms, ou pelos erros anteriores praticados  contra Deus. Toda a solenidade bastante vigorosa: A luz encontra-se em face das trevas. Com toda  razo. Pois, esse  sinal sacramental uma breve, porm, intensa vivncia, de um pedao de histria de vida. A luta da vida, a contnua converso do batizado, recapitulada com brevidade e profundidade bblicas, sem meias-tintas: Os momentos de tentao, encruzilhada, trevas, desesperana que j houve no passado e que haver no futuro - e em oposio a tudo isso, cada vez: A paz de  Deus, bondade, alegria.  Em suma:  expulso do esprito maligno - recepo do Esprito bom. 

 

                                              O rito continua. O celebrante faz o sinal da  cruz  na fronte, nos ouvidos, nos olhos, no nariz, na boca, no peito, nas espduas do batizando. Todo o corpo compenetrado da luz da santa cruz. O gesto acompanhado de votos e oraes.  Neste primeiro contato, a  Igreja no pode dar ainda a Eucaristia, mas, oferece um pouco de sal. Significa o combate corrupo e  tambm que as coisas de Deus possuiro sabor agradvel: Sal sapientiae. H, enfim, tambm algo no sentido de provocar sede, desejo de gua. Aqui se despede, ento, o batizando: Comea o catecumenato, que pode durar, s vezes, vrios anos. 

 

2. Proclamao da f - novo exorcismo (2 passo)

 

                                                A segunda cerimnia comea, novamente, por um representao simblica da  luta entre Deus e o Demnio, no homem. O batizando reza o Pai-Nosso e  marcado com o sinal da cruz pelo padrinho ou pela madrinha e pelo celebrante. Conjura-se o mal para que se afaste. Em seguida, o batizando introduzido na igreja, onde passa  alguns momentos em ao de graas.

 

                                                A seguir, proclama alto a sua f, recitando o Smbolo dos Apstolos, seguido do Pai-Nosso. (J chama a Deus de "Pai"!). O que se passou num processo interno e em lies fechadas, proclama-se, agora, diante da comunidade e de Deus.  Um limiar que pode inspirar medo! Mas isto faz parte do sacramento.  Nele  Cristo fala ao homem, mas o homem deve responder audivelmente, no meio da comunidade eclesial: O sacramento dilogo. 

 

                                               Depois da resposta do  batizando, novamente a  vez de Cristo, atravs da  boca e da mo da Igreja, representadas  pelo sacerdote celebrante. Aps novo exorcismo. repete-se o lindo gesto de Jesus, que tocava com saliva os ouvidos do  surdo. No eram os milagres de Jesus, realmente, sinais de  cura profunda que Ele realiza aqui?  O gesto acompanhado da  palavra: "Effeta", isto : "Abre-te". Tocam-se, tambm, as narinas: Para se poder receber o suave odor de Cristo. 

 

                                              No final da solenidade, o batizando eleito ungido entre as espduas. faz-se isto com leo dos catecmenos, que simboliza a flexibilidade e  vigor para o combate. Tambm isto resposta de  Cristo, pelo sinal sensvel de  sua Igreja: fora para perseverar. 

 

3. Finalmente o Batismo

 

                                              Entretanto, ainda no se efetuou o principal: o batismo.  Pode ser recebido em qualquer hora, de qualquer dia ou noite ou noite do ano. Uma noite, porm, especialmente escolhida para esta cerimnia: A noite em que Jesus ressuscitou para a vida eterna.  Por isto que nessa noite se canta, jubilosamente, sobre a gua batismal, em que esta consagrada para a sua destinao. Sim, com gua que se batiza!  O Exultet, essa orao cantada bem alto na noite pascal, folheia toda a Bblia, para tomar conscincia do sentido tremendo desse elemento: Desde as guas primordiais, sobre as quais pairava o Esprito criador e vivificador de Deus, passando pelas correntes do dilvio e do Mar Vermelho, at gua que jorrou do lado de Jesus no alto da cruz. 

 

                                             Esse mesmo elemento, o mais maternal de  todos os elementos, foi por Deus predestinado para ser igualmente o sinal eficaz de  nosso conhecimento celeste. "Queira, suplicamos, o Esprito Santo, pela efuso secreta de suas virtudes, fecundar esta gua, destinada a regenerar os homens, a fim de que, do seio purssimo desta fonte divina, saia nova gerao celeste, concebida por santificao, renascida numa criatura nova" (canto de consagrao da gua batismal na noite pascal). 

 

                                            Imediatamente antes do batismo, o celebrante pergunta, mais uma vez, pela f do batizando. Segue-se, ento, a  interrogao formal, se ele veio por prpria e  livre vontade: "Quereis ser batizado?"  S depois desta pergunta positiva do catecmeno, derramada sobre ele  a gua batismal, enquanto ressoam as palavras do celebrante: "Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e  do Esprito Santo" (Mt 28, 19).  A gua diz "nascimento";  a palavra indica "qual o nascimento":  Que o Esprito Santo vem habitar em ns, dando-nos vida, e transformando-nos em  filhos e  filhas do Pai. Logo depois do batismo, faz-se a uno com crisma, cujo odor  simboliza o Esprito Santo. 

 

                                           Pelo Esprito santificador em ns, entramos e  permanecemos em Cristo, como tambm Cristo entra e permanece em ns. Pelo mesmo Esprito, ficamos cheios da graa santificadora. 

 

CONCLUSO

 

                                          Ns, batizados em Cristo, declaramo-nos solidrios com o seu caminho: Servialidade, pequenez, humildade, obedincia at a morte. Aceitamos o nosso batismo de vida, enfim, a morte. A nossa morte o nosso batismo, no sentido mais prprio. Dizemos "sim" a ela, como Jesus, com Jesus e  por Jesus. Pois, se o Senhor nos salvou, no significa, afinal de contas, que Ele nos tornou isentos de  sofrimentos. Significa  que podemos colaborar com Ele para nos salvar a ns e aos outros, e faz-lo da mesma maneira que Ele.  Esta maneira, Jesus  explicou-a com as palavras: "Podeis vs beber o clice que eu vou beber  e  ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?" (Mc 10, 38). 

 

                                         Talvez haja quem ache sombria essa idia no dia alegre do Batismo: Ser consagrado morte!  Mas pode haver maior consolao?  A nossa vida que vai morrendo, poder, com Jesus, ser fecunda, em vez de absurda. Deus tornou as  dores da humanidade dores de parto de vida nova. Se a gua em que entramos sinal de morte, quando dela  surgimos, torna-se  sinal de ressurreio e nascimento. Por isso, a noite pascal, sumamente alegre, a noite do batismo.

 

 

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Referncias:  Catecismo da Igreja - "A F para Adultos " , Edies Loyola, 1970; introduo e concluso por Pgina Oriente - tendo por base  referncias contidas no Catecismo da Igreja.