ORIGEM
DAS CRUZADAS
As
guerras entre os pases de religio ocidental e os
ocupantes muulmanos na Terra Santa, principalmente em
decorrncia da ocupao dos lugares de venerao
dos cristos remontam ao sculo VII com a
ocupao dos maometanos e, mais tarde, os turcos (sculo
XI) que dominaram a regio. A princpio oito batalhas,
denominadas cruzadas, estenderam-se de 1095 a 1270, se
bem que aps esse perodo, durante muito tempo foram
outras organizadas , porm, com caractersticas diferentes
das Cruzadas primitivas.
Os
cristos na Palestina sempre haviam sido tratados com
hospitalidade pelos muulmanos. Os rabes
tambm consideravam Jerusalm uma cidade
respeitvel e Jesus, segundo eles, simplesmente um
dos profetas que haviam precedido Maom. Quando
Al-Hakim, o califa louco do Cairo, destruiu a
igreja do Santo Sepulcro (1010), os prprios maometanos
contriburam substancialmente para a sua restaurao.
Entretanto,
com o avano dos turcos modificou-se
completamente a situao. Em 1070 os turcos haviam
tomado Jerusalm aos rabes e comearam ento
as perseguies e profanaes que os peregrinos
narravam com cores vivas no Ocidente.
Nessa
poca, um piedoso peregrino chamado Pedro d'Amiens,
ao retornar da Terra Santa, foi ter com o Papa Urbano II a
fim de descrever-lhe os vexames dos cristos na Palestina
e profanao dos lugares santos pelos infiis. Por este motivo, o Papa convocou o conclio de
Clermont (1095), ao qual compareceram muitos
prncipes do Ocidente. L compareceu tambm
Pedro d'Amiens e exps com tal emoo a triste situao
do pas de Cristo que todos os circunstantes, em
lgrimas, romperam num grito unssono de f e
coragem: "Deus o quer! Deus o quer! ". O Ocidente
em peso ps-se em movimento para libertar do poder
dos turcos a Terra Santa.
Ocorre que antes da definio e concretizao das
metas, Pedro, o Eremita e um cavaleiro intitulado
Gauthier Sans-Avoir (Valter Sem Tosto),
anteciparam-se aos planos do Papa Urbano II e partiram para
o Oriente com uma massa de 17.000 pessoas ignorantes,
pobremente equipadas e sem nenhuma experincia
militar. Foi um movimento paralelo e independente que
partiu em direo Nicia sem o prvio consentimento
do Papa, sob a denominao "cruzada do
povo". Aps uma travessia caracterizada por
roubos, violncias e epidemias, foram
completamente trucidados pelos turcos quando atacaram
aquela cidade. Por isto, no considera-se este
movimento como a primeira cruzada, que teve seu
incio em 1096, portanto, no ano seguinte. 1.
Cruzada A
primeira das cruzadas partiu em 1096 e teve seu
trmino em 1099. Os maiores nomes da cristandade
feudal nela figuravam, predominando franceses e normandos.
Sob o comando de Godofredo de Buillon seguiram para
Constantinopla. Os muulmanos achavam-se divididos e os
cruzados tomaram facilmente Antioquia. Durante um
perodo de trs anos, aps renhidas batalhas, no
dia 15 de julho de 1099, numa Sexta-Feira Santa,
os cruzados tomaram Jerusalm. Por causa de sua
coragem e piedade, os chefes dos exrcitos o elegeram rei
de Jerusalm. Conduziram-no igreja do Santo Sepulcro,
onde o aclamaram solenemente. Quando, porm, lhe ofereceram
a coroa real, o duque recusou-se a aceit-la e
disse: "No permita Deus que eu cinja um diadema
de ouro no mesmo local em que o Rei dos reis foi
coroado de espinhos". Com a
finalidade de defesa foram criadas
ordens militares-religiosas, como a dos
Hospitalrios ou Cavaleiros de So Joo, a dos
Templrios e a dos Cavaleiros
Teutnicos, tendo o novo reino subsistido por quase
cem anos. 2.
Cruzada Saladino,
um aventureiro curdo, tornou-se sulto do Egito e
reunindo os esforos do Egito aos de Bagd, fez a
pregao de uma guerra santa muulmana contra os
cristos. A contra-cruzada de Saladino atingiu seu objetivo precisamente em 1187, quando Jerusalm foi
retomada. Esse fato suscitou a terceira cruzada, denominada
"Cruzada dos Reis". 3.
Cruzada ("Cruzada dos Reis") A
Cruzada dos Reis foi chefiada por Frederico I
(Frederico Barba Ruiva), imperador do Sacro Imprio Romano
Germnico, Felipe Augusto, rei da Frana e Ricardo
Corao de Leo, rei da Inglaterra,os quais no
obtiveram xito. Frederico I morreu afogado no rio
Selef, na Ciclia. Felipe Augusto regressou logo, tendo
perdido quase todas as suas tropas e Ricardo Corao
de Leo ficou na Palestina tentando em vo tomar
Jerusalm. Esta
terceira cruzada, contudo, marcou uma importante
transformao nas relaes entre cristos e
muulmanos. Ricardo Corao de Leo firmou com Saladino
um tratado, mediante o qual este reconhecia aos cristos o
domnio de uma faixa costeira na Sria e
permitia o livre acesso dos peregrinos a Jerusalm. 4.
Cruzada ("Cruzada Veneziana") A
quarta cruzada foi preparada por Inocncio III, o
grande Papa da Idade Mdia. Os franceses,
principalmente, acudiram ao apelo do Pontfice. Mas
os planos do Papa, de atacar o Egito e depois a
Palestina, foram completamente deturpados pela influncia
de Veneza. A rica cidade italiana exigiu 85.000 marcos
de prata para transportar os cruzados. Como no se
conseguiu a quantia pedida, foi proposto um acordo pelos
venezianos, no qual os cruzados os ajudariam a tomar a
cidade de Zara (hoje Zadar - Iuguslvia), no Adritico,
cuja prosperidade preocupava seriamente Veneza.
Contra a opinio do Papa, o acordo foi feito e Zara
saqueada. Em seguida os venezianos sugeriram um ataque
a Constantinopla, pois no lhes interessava uma
guerra contra os muulmanos com os quais comerciavam
intensamente. Aproveitando-se
das lutas internas pelo trono bizantino, os cruzados,
apesar da oposio de Inocncio III, dirigiram-se
com uma frota de 480 navios para Constantinopla.
A quarta cruzada transformou-se, assim, em intrigas e
rivalidades entre os prncipes cristos , fazendo com que
os santos lugares cassem no poder dos infiis.
Alm disto, Constantinopla foi saqueada totalmente,
parcialmente destruda e, em meio pilhagem, preciosos
manuscritos foram inutilizados ou perdidos e milhares
de obras-primas foram roubadas, mutiladas ou
esfaceladas. 5.
e 6. Cruzadas A
quinta cruzada dirigida por Andr II da Hungria, no teve
grande importncia histrica. A sexta, no entanto,
comandada por Frederico II, alcanou a Palestina. Frederico
II, como havia sido excomungado, no recebeu cooperao
crist. Por ter conhecimentos em cincia e filosofia
rabes, acabou entendendo-se amistosamente com o sulto
Al-Kamil, ocasio em que assinaram um tratado
mediante o qual o Isl cedia aos cristos Acre, Jafa,
Sidon, Nazar, Belm e toda a Jerusalm. 7
e 8 Cruzadas A
stima e oitava cruzadas foram empreendidas por
Lus IX (So Lus), rei da Frana. Na stima
cruzada foi ocupada a cidade de Damieta, mas
logo em seguida foi feito prisioneiro o bom rei
francs, tendo sido obrigado a pagar pesado resgate.
Em 1270 empreendeu uma expedio a Tnis (8. Cruzada),
onde faleceu, vtima de uma epidemia. <>
Consequncia
sociais e religiosas das Cruzadas <> Os
efeitos das cruzadas sobre a vida
econmica e social da Europa constituem pontos de
divergncia entre os modernos historiadores. No se pode
afirmar que as Cruzadas tenham ocasionado a runa do
feudalismo. A desintegrao feudal era um processo j em
evoluo e para ele talvez tenha contribuido
mais a peste negra (que matou um tero da
populao europia) do que as Cruzadas. Todavia, as
Cruzadas apressaram a emancipao do povo. Muitos
camponeses aproveitaram-se da ausncia de seus
senhores para libertarem-se da escravido. Ademais,
os grandes centros da civilizao sarracena no
eram Jerusalm e Antioquia, mas sim Bagd , Damasco,
Toledo e Crdoba, no visados pelas expedies
crists. Contudo, foi sensvel o incremento do
comrcio oriental. A prosperidade de cidades
comerciais italianas que substituram Constantinopla
como mediadora entre o comrcio do Oriente e do Ocidente,
foi paralela ao impulso recebido pela economia monetria da
Europa.
inegvel que as Cruzadas estimularam o interesse
pelas exploraes e descobrimentos. Marcaram sem
dvida, o comeo da expanso da fronteira
europia. Paralelamente,
no campo religioso, as fronteiras excitaram em todo o
oriente nova vida e expanso de ordens
religiosas. Devido s invases dos povos
brbaros, as cincias por longo tempo se haviam refugiado
nos conventos; ento, porm, recomeavam a
espalhar-se entre o povo. Fundaram-se
universidades e escolas, como em Paris e Colnia,
cujas ctedras eram ocupadas por homens
distintos e de vasto saber: Santo Anselmo,
1109; Alexandre de Hales, 1245;
Santo Alberto Magno, 1280; So Tomaz de Aquino,
padroeiro das escolas Catlicas, 1274; So
Boaventura, 1274; Venervel Duns Escoto, o
"Doutor Franciscano", 1308. Mais
de dois milhes de homens a sacrificaram suas vidas. Tantos sacrifcios no eram vos, pois
grandes benefcios decorreram dessas cruzadas, para toda
a sociedade. Tambm destaca-se a
fundao de ordens religiosas militares: A Ordem dos
Cavaleiros de So Joo e a dos Cavaleiros Teutnicos,
como mencionamos no incio, que
tinham por fim aliviar os sofrimentos dos cristos no
oriente e combater os sarracenos. As
principais ordens monsticas fundadas
durante esta poca so: a dos camaldulenses, por So
Romualdo (1037); dos cartuchos, por So Bruno (1101); dos
premonstratenses, por So Norberto (1134); dos
cistercienses, por So Roberto e So Bernardo (1153); dos
carmelitas, pelo b. Alberto (1214); e dos
franciscanos, por So Francisco de Assis (1226).
Em
toda a parte floresceu a santa religio. Os fiis construram catedrais magnficas, que ainda hoje
causam admirao e a fundao dessas e outras ordens religiosas dava Igreja um brilho especial. Grande
o nmero de santos que estas ordens contam em seu
grmio. A toda a parte do mundo mandaram seus
missionrios, para pregarem o Evangelho.
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Referncias:
Baseado nos ensinamentos da Histria Sagrada, por Frei Bruno Heuser -
O.F.M., 8a. ed., Editora Petrpolis); Histria
Geral - A. Souto Maior, 14a. ed., 1971, Companhia Editora
Nacional.
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