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AS HERESIAS  

    

Heresia define-se como  rebeldia ou oposio declarada a determinada  verdade divina firmada pela Igreja, ou seja, suas convices dogmticas. J desde a poca primitiva deparou-se a Igreja Catlica com inmeros embustes e investidas que visavam, ora contestar, ora macular os fundamentos bsicos da santa doutrina.  

A modalidade normalmente usada pelos hereges consiste primeiramente em arrebanhar adeptos dentro da prpria Igreja. Para eles este o local ideal para semear a ciznia, que vai crescendo aos pouquinhos at que finalmente toma corpo e fora. A histria j registrou reaes implacveis da Igreja nesse sentido e por isso no raro identificar entre as fileiras dos traidores da causa de Cristo muitos catlicos leigos,  padres, religiosos e at mesmo bispos, que por orgulho, acabaram colocando no s a sua salvao em cheque,  mas tambm a de todos os  seus seguidores. 

Estando Jesus no comando e o Papa no leme desta divina embarcao,  surgiram santos homens resolutos na f que, desde a poca primitiva, j identificavam com clareza o aparecimento de certas heresias. Houve momentos, porm, que renhidos combates acabaram tornando-se inevitveis.  O sangue dos mrtires refletem os mais belos testemunhos de  fidelidade at s ltimas conseqncias. Em contrapartida, inmeras medidas foram tomadas a  fim de sufocar a  infiltrao de doutrinas estranhas no seio da Igreja, medidas estas diretamente proporcionais s circunstncias de cada perodo histrico.   

 Jesus sempre atual: Ontem, hoje e sempre. Assim Sua doutrina, imutvel, independente das crises ou fases histricas, pois que sua Palavra eficaz e a doutrina da Igreja verdadeira, seja no passado, no presente ou no futuro.  Entretanto, se hoje,  testemunhar a f j no significa o martrio de sangue, nossa responsabilidade tornou-se, por isto mesmo,  infinitamente maior em relao aos Mandamentos de Deus e da Igreja.  Nossa determinao como catlicos praticantes de pedir  Deus a graa do discernimento,  pois que o tempo propcio para o surgimento de novos cismas, de novas heresias.  

Quem estuda a histria sob a tica divina, compreende  perfeitamente que a Igreja suportou o embate das heresias, dos cismas, da calnia , da malidicncia e das perseguies porque , foi e ser a nica e verdadeira Igreja, o corpo do qual Jesus a Cabea, sendo o Papa, seu legtimo representante e fiel preservador da S Doutrina. 

Vejamos a seguir,  os principais fatos histricos que marcaram o empenho resoluto da Igreja no combate s heresias:  

 

DADOS HISTRICOS

Para impor respeito s suas decises,  dispunha a Igreja  do Tribunal do Santo Ofcio, principalmente para coibir  as dissidncias e influncias herticas e pags no meio catlico, cujo objetivo principal era, como at hoje, a preservao dos fundamentos bsicos da f catlica.  

Apesar disso,  na idade mdia, a Igreja no conseguiu  impedir a propagao de heresias, quando muitos Santos foram perseguidos e  martirizados pela ao do arianismo, pelagianismo, julianismo, de Macednio, nestorianismo,  monofisismo (de Eutiques), o cisma do oriente e as heresias valdenses e albigenses.

No sculo IV,  Ario ousava negar a divindade de Nosso Senhor, considerando Jesus a  criatura mais excelente sada das mos de Deus. Seguindo o exemplo dos Apstolos, que nos primeiros tempos da Igreja se reuniram em Jerusalm, sob a presidncia de So Pedro (Conclio dos Apstolos), assim fizeram os bispos catlicos sucessores dos Apstolos, sob a presidncia do Papa Silvestre no Conclio Geral de Nicia. Nesta assemblia, que se realizou no ano de 325, tomaram parte 318 bispos. Foi declarado solenemente como dogma da doutrina crist que Jesus Cristo, a segunda pessoa da Santssima Trindade, verdadeiro Deus, da mesma natureza divina que Deus Pai. rio no quis sujeitar-se e por isso foi expulso do grmio da Igreja (excomungado).

Ainda no mesmo sculo surgiram as seguintes heresias: 

- 359 a 425, Pelgio, um  monge breto, passou a atacar o que definiu como hipocrisia de muitos cristos. Por ser eloqente e muito respeitado, logo um crculo de simpatizantes surgiu ao seu redor. Atacou e no aceitou a  doutrina da Igreja sobre o pecado original. Passou a pregar a heresia por meio de muitos escritos,  o que acabou culminando no s em sua excomunho, mas tambm de muitos de seus  seguidores. 

- 361 a 363 - Juliano (o Apstata) - Pretendeu restabelecer o paganismo no oriente. Para arruinar a religio crist, tentou desmentir Nosso Senhor, reedificando o templo de Jerusalm. Diz a histria que, todas as vezes que os trabalhadores comeavam, irrompiam da terra chamas que os obrigavam a desistir da empresa. Este milagre enfureceu tanto o imperador apstata, que jurou vingar-se de Jesus Cristo. Conta-se que, mortalmente ferido num combate e  remoendo-se de raiva, lanou contra o cu um punhado de sangue de sua ferida, exclamando: "Venceste, Galileu". 

- 379 a  395, surgiu a  heresia de Macednio, que negou a divindade do Esprito Santo.  

N sculo V, Nestrio (431), bispo de Constantinopla , negou que a Virgem Maria fosse Me de Deus (veja os detalhes do acontecimento - art. XVI - Livro Oriente).  

Em 451 surgiu o monofisismo, baseado na teoria de um superior de um mosteiro de  Constantinopla, Eutiques, que acreditava haver em Cristo apenas a natureza divina, ou seja,  negou as duas naturezas de Jesus Cristo, dando-lhe um s corpo humano aparente.  Ainda hoje a sua doutrina persiste na Armnia, Sria e Egito.  O Conclio de Calcednia condenou a heresia. 

No sculo XI deu-se o Cisma do Oriente. Uma de suas causas foi o fato de no quererem os patriarcas de Constantinopla reconhecer a supremacia eclesistica do Pontfice Romano. J no sculo IX o imperador Bizncio havia deposto o  patriarca Incio e nomeado o ambicioso Fcio, cuja investidura no foi reconhecida pelo Papa. Fcio impugnou a primazia espiritual de Roma e negou pontos da doutrina catlica romana, levando assim  a igreja bizantina ruptura com a Igreja Catlica Apostlica Romana, fato que veio a se consumar  definitivamente em 1054, com Miguel Cerulrio, patriarca de Constantinopla. 

No fim do sculo XII surgia a heresia valdense. Pedro Valdo, comerciante de Lion, renunciou grande fortuna que possua e iniciou sua pregao dos Evangelhos. Admitia Pedro Valdo que o cristo, para salvar-se, no necessitava de sacerdotes, bastando-lhe a orao e o respeito aos ensinamentos bblicos. A leitura da Bblia era  um preceito fundamental cujo cumprimento ficava a cargo dos "pastores", homens que sem abandonar suas atividades comuns, agiam na comunidade como conselheiros morais e comentadores da Bblia. 

Chegaram os  valdenses a ter importncia, sobretudo na regio do Languedoc;  influenciaram, certamente, os albigenses que se propagavam pelo sul da Frana. Estes julgavam o corpo como o smbolo do mal; dividiam-se em "perfeitos" e "crentes". Os primeiros submetiam-se a uma vida de  contnua mortificao, tendo os  "crentes"o direito absolvio de seus pecados, somente uma vez  em toda a vida. A luta desencadeada pelo Papa Inocncio III contra os albigenses durou de 1209 a 1229 extirpou a heresia, tendo isto facilitado a dominao monrquica dos feudos do Sul, que terminaram sendo incorporados coroa francesa.                                                                      

Se voc desejar mais detalhes sobre este vasto assunto, bem como as  datas  e a grade completa das principais heresias  que surgiram desde os tempos apostlicos at a idade moderna, acesse a pgina https://cleofas.com.br/html/doutrinaeteologia/perguntaserespostas/grandesheresias.html (do site www.cleofas.com.br)  

Para refletir:  

O estigma da heresia foi sempre e : o orgulho. A humildade sempre foi e o baluarte, a defesa mais segura da f.  Diz Santo Agostinho: "H diversos caminhos que  conduzem ao conhecimento da verdade, o primeiro o da humildade;  humildade o segundo e o terceiro ainda a humildade. Eu fiquei crente, porque me pus a crer o que no compreendia". Santo Agostinho foi uma das inteligncias mais esclarecidas que o mundo possuiu. O orgulho gerou as heresias antigas e novas. As mais antigas, como o arianismo, o nestorianismo, o luteranismo, o calvinismo, so suas filhas legtimas. As contemporneas  possuem origens externas, mas sua prtica e aceitao  podem facilmente culminar em cismas internos. So influncias exteriores como:  a  macumba, o espiritismo,  o ocultismo, bzios, tar, horscopo, tributos a Iemanj, dentre tantas outras.   Tais seitas procuram, de  forma sistematicamente calculada, no s  infiltrar suas errneas idias, mas principalmente, influenciar e confundir catlicos e at mesmo membros do prprio clero.  Procuram identificar "deuses e rituais  africanos", "pais-de-santo", "'dolos" e "videntes" aos Santos da Igreja, Bblia e S Doutrina.  Em investidas no s herticas, mas blasfematrias,  fazem lavagens em escadarias de igrejas, prevem o futuro, tentam nos seduzir numa sutil leitura de horscopo, ou numa "brincadeira"  beira da praia na entrada do Ano Novo.  O verdadeiro catlico, se afasta desse laos perigosos que comprometem a salvao eterna.   

 Verdade que quase todas elas, antigas e novas, invocam em seu favor a Bblia, algumas os Santos, outras a prpria doutrina da Igreja, e cuja finalidade to somente  semear a desordem. Diante disso, devemos tomar postura firme.  No devemos ser  varas que se deixam agitar pelo vento.  Peamos ao Divino Esprito Santo a sabedoria necessria para que possamos identificar tais buracos, armadilhas e ciladas. De maneira atraente e sedutora o mundo se vale  de todos os artifcios para nos afastar da Igreja de Cristo.  

Como se justifica a grande quantidade de seitas crists, suas divergncias na explicao da Bblia?  O que os hereges no entendem  que a Bblia deve ser considerada como um cdigo de verdades havendo uma s autoridade competente para interpret-la autenticamente. A explicao  desta autoridade todos devem sujeitar-se  e reconhec-la como nica e verdadeira. E a mensagem vale para todos, sejam leigos ou religiosos.  A doutrina pregada pelos hereges hoje, amanh rejeitada. Os hereges, com a Bblia na mo, contestaram j a divindade de Cristo, a eternidade do inferno, a existncia e divindade do Esprito Santo, o pecado original, a autenticidade da Bblia e muitos outros pontos de dogma; onde chega, quem se afasta da igreja Catlica. S a ela foi dito: "convosco estou todo o tempo, at consumao dos sculos"(Mt 28,20). Quem ouve a Igreja, ouve a Cristo, e Cristo a verdade, o caminho e a vida. 

Para saber mais: 

Para saber mais consulte a histria da Inquisio (desde a sua criao em 1231 pela bula Excommunicamus - do Papa Gregrio IX, at seu restabelecimento em 1542).

* Consulte tambm  o Conclio de Trento, que discutiu o corpo das doutrinas catlicas baseadas nas crticas dos protestantes. 

* Para entendermos  como reis e imperadores decidiam diretamente  nos setores regionalizados dos membros do clero, inclusive, intervindo na eleio de dignitrios da Igreja, fato que foi duramente  combatido pelo grande Papa Gregrio VII muito antes da reforma protestante, ou seja, no sculo XI,  consulte  a questo das Investiduras

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Referncias: Baseado nos ensinamentos da obra Na Luz Perptua (Editora Lar Catlico);   Histria Geral - A. Souto Maior,  14a. ed., 1971, Companhia Editora Nacional.