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SACRAMENTO DO BATISMO  

OS NO-BATIZADOS

Introduo

                                            Com relao ao local para onde vo as almas que morreram sem o batismo ou seu caminho percorrido,  a Igreja no estabeleceu um conceito rgido ou uma regra bem definida sobre o assunto,  mesmo porque nas Sagradas  Escrituras  no encontramos aluses explcitas sobre isto, ao  contrrio das evidentes ocorrncias da existncia do Cu, do Inferno e  Purgatrio. De concreto mesmo, temos a resposta que Jesus deu a Nicodemos ao indag-lo sobre o batismo: "Em verdade, em verdade Eu te digo: quem no nascer da gua e do Esprito, no poder entrar no Reino de Deus" (Jo 3, 4-5).  Este o ponto de partida  para a compreenso de que, sem o Batismo, via de regra, no h salvao.  Devemos considerar ainda que o limbo (definido como um estado de repouso esttico) era o lugar para onde iam as almas dos justos falecidos antes de Cristo e que teria deixado de existir aps o sacrifcio de Jesus. J as almas das crianas mortas sem batismo, teoricamente ainda iriam para o limbo, l permanecendo  at o dia da Ressurreio. Teoricamente, j que a Igreja tambm  no o define.  Ainda dentro deste raciocnio, consideremos  que quando Jesus se deixa batizar por Joo Batista, representou ali todas pessoas  no-batizadas, ou seja, deixou-se batizar vicariamente para proporcionar misericordiosamente a salvao dos pagos, que passaram seus dias na terra como homens justos.  

                                        A  Igreja, durante o curso de  sua histria, deparou-se com  uma infinidade  de conjecturas  acrca do caminho que teria sido, ou que ser percorrido pelas almas pags at a eternidade. Muitos santos se  debruaram sobre o assunto, como veremos  adiante (Santo Agostinho, So Jernimo, Santo Anselmo, estes especificamente no caso das crianas no batizadas). 

                                       Em linhas gerais, ns leigos, no necessitamos investigar tal magnitude, mesmo porque  o plano da salvao transcende, est nas mos de Deus. Jesus expressa claramente que  quer a salvao de todos, sendo mais explcito ainda com relao ao  seu afeto especial  pelas crianas.  No entanto,  o enigma, por si prprio,  deve acentuar nosso insigne compromisso ante a gravidade posta por Jesus  a quem no receber o Sacramento. Eis o nosso empenho para que todos ingressem na Igreja pelo Batismo e cumpram fielmente seus preceitos em busca da salvao pessoal e dos irmos.  

 

  ADULTOS NO-BATIZADOS  

                                          Os adultos no-batizados tem, de qualquer forma, contato com Jesus, pelo prprio fato de terem nascido. Pois tem a Jesus como "co-homem". A Igreja est convencida de que, se forem de sincera boa vontade, participam na salvao de Cristo. A fidelidade sua misso de vida e servialidade at ao fim, fazem com que tambm eles sejam batizados com o batismo com que Jesus foi batizado. Se algum no-batizado for morto, expressamente por causa de Jesus, recebe o que chamamos de "batismo de sangue". Nos outros casos, fala-se em "batismo de desejo", mesmo se esse desejo de batismo for inconsciente. Qualquer um que deseje ser "obediente at morte" atingido pelo batismo cristo. Esse "batismo dos no batizados" no algo de meramente interno: ele a prontido e servialidade de  toda a  sua vida e morte. 

                                         Mas isto no quer dizer que se pode passar sem o sinal eficaz do batismo da gua. Pois este mostra que precisamos do perdo dos pecados, proclama que o Senhor est em contato conosco, e rene-nos, visvel e tangivelmente, em um s povo, ao qual dado o Esprito e no qual age a remisso dos pecados. 

                                        No se trata aqui de insignificantes "questes de forma". O batismo de gua faz parte integrante da mensagem crist, de escolha de vida, da intensidade do perdo de cristo. Efetua assim uma realidade, um fermento no mundo. O que  alhures permanece indeterminado e vago recebe determinao, forma e intensidade l onde a Igreja de Cristo age, tambm atravs do batismo de gua, visivelmente neste mundo. Pelo que, no pode menosprezar o batismo aquele que cr em Cristo e sabe que existe o batismo

                                          Alm disso, no batismo de um novo cristo torna-se visvel o que Deus deseja fazer tambm com outros e o que Ele j principia a fazer. Se vosso filho batizado, acontece isso tambm em prol de muitos outros. Mesmo se estes no forem batizados, vivem, no entanto, numa humanidade (ou at num ambiente) e que se batiza. Os cristos so, de certo modo, tambm batizados por eles.  

 

AS CRIANAS NO- BATIZADAS

                                         O que foi dito a respeito do batismo e humanidade, vale, igualmente, para o batismo de crianas. O batismo de uma criana sinal da impacincia de Deus, em manifestar que cada ser humano recm-nascido objeto do chamamento divino. 

                                         Toda criana de Deus. Mas que acontece  a crianas que morrem sem batismo?  Foi dito acima que um no-batizado pode salvar-se, cumprindo fielmente a sua misso de vida e  compartilhando assim, inconscientemente, na servialidade de Cristo. Mas, crianas no-batizadas no foram, tampouco, capazes desse "batismo de vida": Morreram antes de ter verdadeira conscincia. Que acontece a elas? 

                                         Durante muito tempo tem reinado, na histria da Igreja, incerteza sobre esse ponto. O motivo? Suponha-se a necessidade do batismo de gua, demasiadamente de interesse individual.  Santo Agostinho abre seu corao a respeito desse problema, numa carta a So Jernimo: "Chegando questo das penas das crianas, fico - acredita-me - profundamente angustiado e no sei absolutamente o que responder." Aconteceu isso por volta de 400. Em 1100, mais ou menos, encontramos o grande Anselmo, sempre com a mesma incerteza. No v como crianas no-batizadas possam salvar-se, mas prossegue: "Falei segundo a capacidade de minha inteligncia, no afirmando, mas adivinhando, at que Deus, de um modo ou de outro, me revele concepo melhor. Se algum pensa de maneira diferente, no lhe rejeites a opinio, contanto que me possa provar que sua idia verdadeira". 

                                          No decurso dos sculos, tem a Igreja haurido de seu velho tesouro de f as argumentaes seguintes. Viu, cada vez mais claramente que se deve aplicar a esta questo trs princpios fundamentais. Em primeiro lugar, que Deus quer que se salvem todos os homens. Isto vale, certamente, para as crianas, pois o Evangelho mostra que Deus ama  com amor  particular. Em segundo lugar, que Cristo nasceu e morreu por todos os homens. Finalmente, que ningum se perde, a no ser por prprios pecados, cometidos pessoalmente. base destas trs verdades, deve haver um caminho de  salvao para as crianas no batizadas. Qual este caminho, no o sabemos precisamente. Mas, o que sabemos :  Elas esto em Cristo. 

CONCLUSO

                                          Embora as argumentaes da Igreja a respeito das questes abordadas sejam consoladoras e dignas de crdito irrestrito, ressalta-se que Ela mesma, no decorrer dos sculos, no firmou precisamente  o caminho da salvao a ser percorrido pelas pessoas mortas sem o batismo, particularmente em relao s crianas.  Se a Igreja foi cautelosa a este ponto, no devemos perder nosso tempo vasculhando coisas elevadas, as quais no conhecemos. Dentro disto, vale lembrar no ter sido  por acaso que a questo permanecesse incerta nas Escrituras por desgnio do Senhor. Isto, por si s, amplifica nossa tremenda responsabilidade em relao ao batismo, j que estamos certos ser este o primeiro passo para a salvao da alma, atravs de caminhos bem definidos, estrada certa que nos leva eternidade. 

                                          De tudo o que foi visto, no poderamos deixar de mencionar tambm a questo especfica dos ndios, particularmente em tempos de Campanha da Fraternidade (2002).  A nossa conscincia,  arraigada na grandiosa misso quanto ao batismo, imprescindvel para garantir a salvao,  reafirma nosso compromisso evangelizador, em detrimento de uma certa inverso de valores que aponta para uma filosofia, muito bonita, por sinal, de que a sociedade crist deveria espelhar-se na vida do ndio, sua cultura, seus valores, seus exemplos, etc.  Tais filosofias, entretanto, que fatalmente alimentam fantasias, irrealidades e crendices, certamente no refletem o verdadeiro esprito cristo. O catlico no se apega vs filosofias, preocupa-se to somente com a salvao da alma, descartando  todo e qualquer tipo de preceito humano advindo deste proceder.  

                                          Ora, se para a sociedade evangelizar ndios significa violar sua cultura,  aos cristos anunciar a boa nova da salvao aos incultos na f  uma obrigao prescrita na Escrituras.  Para nossa tristeza existem pessoas que se dizem crists, ao mesmo tempo que comungam daquela errnea  mentalidade. Ser possvel admitir o conceito de sonegao do cristianismo s naes pags pelo simples temor de arruinarmos sua cultura original, suas inteis tradies, pondo-se de lado o mais importante, a salvao da alma? Estamos contemplando passivamente um povo e  sua cultura como se  fossem animais enjaulados em extino, sonegando-lhes a Boa Nova por respeito humano? Agindo assim, estamos colocando em segundo plano o principal: A Ressurreio de Cristo, a Redeno. 

                                          Os santos missionrios, grande parte deles mrtires,  enxergaram  to cristalinamente o conceito de salvao e perdio eternas,  que embrenharam-se  nas mais longnquas florestas e tribos para anunciar a verdade, obedientes  ordem do Senhor:  "Ide por todo o mundo e  pregai o Evangelho a  toda a criatura. Quem crer e  for batizado ser salvo, mas quem no crer ser condenado" (Mc  16, 15-16).  O amor ardentssimo a Jesus crucificado e o zlo sem limites pela salvao das almas que explica o fato destes santos  homens  abandonarem o conforto da civilizao  e se transportarem para regies inspitas. Os nossos  missionrios mrtires  eram possuidores destas virtudes em grau herico, como nos mostram suas condutas no meio de tantas adversidades. Mesmo prevendo o desenlace final, sacrificaram a vida terrena pela erradicao do paganismo, pela salvao das almas.

                                         As nossas  incertezas, dvidas ou eventuais temores acrca da sorte das almas, deixemos nas mos do Criador, que Misericordioso e Justo. Jesus morreu pela humanidade  inteira, veio para a salvao de todos os homens.  Ns catlicos, no entanto, devemos  fazer a nossa parte vivendo e praticando com extrema fidelidade tudo aquilo que aprendemos desde a infncia. A s doutrina, os princpios bsicos da Santa Religio que nos foram transmitidos pacientemente pelos pais durante a vida, constituem o maior  tesouro, a maior herana que recebemos. No podemos reter tais conhecimentos salvficos aos nossos filhos, aos nossos irmos, muito menos desprezarmos os mandamentos de Deus e da Igreja, sob pena de sermos responsabilizados no dia do Juzo. 

  

Tpicos relacionados: 

    - O Batismo de adultos

    - O Batismo de crianas  

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Referncias:  Partes:  "Adultos no-batizados" e "Crianas no-batizadas" -  Catecismo da Igreja - "A F PARA ADULTOS" , Edies Loyola, 1970;  Introduo e Concluso por Pgina Oriente.